quinta-feira, 10 de outubro de 2013

• Dual •



"E chegará o dia que chegará a hora de partir.
A vida passará como um filme em sua cabeça.
Ela fechará os olhos e lembrará o quão feliz pôde ser. E lembrará dos lugares que passou, lembrará dos rostos, dos sons, dos cheiros. Sentirá pesar, sentirá saudade. Em segundos adormecerá e encerrará uma passagem memorável, com muito o que contar. Não importa em que lugar, terá consigo todos o que um dia amou."


Estava escrito em algum pedaço de papel em seu apartamento, marcado com tinta vermelha, destacando entre as cartas espalhadas pelo chão. Ela havia quebrado, partiu-se em várias e flutuou num mar de lama.

Lá vai, dançando na linha tênue da extrema tristeza e imensa alegria. Ela é a intensidade do mundo.

Partira sem saber o destino. Saiu pela vida, amassou o próprio pão. Não se sabe se voltará.
Ela, sempre sozinha, cheia de gente dentro de si. 
Toda caos, toda paz. 
Toda amor, toda solidão. 
Morrera pela ultima vez, jurou em vão.
Lá se vai todo aquele furacão de borboletas azuis, vai por aí procurar um novo erro ou simplesmente cultivar os milhares deles que tanto ama. Ela ama cada erro com força e devoção, como se a salvasse de algo e a condenasse à prisão. 

Lá vai a moça com força de homem, que carrega em si as chagas, o fel. A moça que ri, fala alto e brinda noite à dentro. Ninguém conhece seus hemisférios, ninguém a vê por completo. Essa menina, essa mulher, gato e leão. 
Ela é tudo, ela é nada. É correnteza e água parada.
Ela não sabe o que faz, ela faz acontecer. Ela canta, ela medita, ela reza e amaldiçoa.
Não importa, lá vai ela, toda erro, carne e coração.


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