quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

• Só O Fim •

Claro que o assunto é: O FIM.


Sinceramente, não sei lidar com essa coisa de fim, seja fim do mundo, das pessoas, dos ciclos. Dá uma sensação de que nunca mais terei algo parecido e que nunca terei feito o que era pra ser feito.
Na verdade, nunca estaremos completos e isso é uma certeza que adquiri na base da dor, do desespero e das tantas noites em claro, com o peito vazio e a cabeça repleta de lacunas. 
Eu temo o pós fim, temo do que é feito quando algo acaba.. as coisas acabam mas fica sempre o rastro do que já existiu. Fica sempre o gosto amargo do que já foi vivo. Lembrar dói tanto quanto viver.
Não sei me desprender de lembranças e seguir em frente, por mais que a vida não pare, ali, em algum canto da minha memória traiçoeiramente suicida, bate um vento com o cheiro do que passou.
Sempre sobrevivo, mas sempre perco muito sangue, há quem já tenha levado um braço, um órgão consigo ao sair pela porta, há quem tenha batido a porta e trancado, há quem tenha deixado a porta aberta.
Não sei encerrar, prolongo sempre o fim por não saber lidar com esse perda.. mesmo que encerrar muitas vezes seja bom, pra renovar e dar espaço a novos caminhos, fica aquela gélida sensação de arrependimento. Não acredito em quem diz que não se arrepende de nada, eu digo, vivemos num constante arrependimento, seja por fazer ou por deixar de fazer, mas somos orgulhosos demais pra deixar a verdade transparecer, não é?
Pecamos por medo de mostrar quem somos, por medo de dizer que na verdade, nosso "foda-se" não está ligado e que sofremos com a partida das pessoas. Temos medo de tirar a máscara de super herói e dizer que somos humanamente fracassados. Herói do mundo, vilão de si próprio.
Complicamos o que já é complicado por natureza. Não acredito que é amar é simples, pois se fosse, alguém não teria morrido pra mostrar isso pra todo mundo. Amar é a forma mais poética de suicídio. Amar é esquecer muitas vezes da cor preferida e lembrar cada gosto do outro. Acredito que pouca gente tem o dom de amar sem querer ver seu ego inflado, seletos humanos possuem essa capacidade de livrar-se das próprias amarras apenas para salvar o outro. Na maior parte, amamos o que somos com o outro, o que projetamos e refletimos na outra pessoa. Vejo tanta gente querendo codificar todo mundo, como se fosse via de regra pra manter algum laço afetivo, o que vai muito além do relacionamento homem-mulher. 
Nós sabotamos e sabotamos os outros, manipulamos, maldosamente ou não. 
Acho que precisamos de uma reciclagem interna, rever nossos atos sem o tal moralismo instalado. Fazer uma reengenharia do que somos, pesar os lucros e prejuízos que temos e causamos, cortar gastos desnecessários, sentimentos desnecessários, relacionamentos desnecessários. Limpar os escombros e reestruturar o que foi útil. 
Se essa mudança será pessoal, cada um no seu tempo ou em massa, não sabemos.. mas sinto uma energia de mudança nos últimos tempos.
Tememos o novo, o desconhecido, pelo fato de não termos o domínio. Temos necessidade de dominar todas as coisas, por não ter capacidade de dominar a nós mesmos.
Que venha a tal nova era, os seres de luz, a humanidade consciente. Que seja amanhã ou depois ou daqui mil anos, mas que os ares sejam renovados e que a sensação de caos e medo seja invadida por esperança de dias melhores, pra sempre.

Pra quem acredita, que seja apenas o fim de um ciclo e o início de um novo tempo.
Pra quem não acredita, comemorem depois de amanhã.
Pra todos nós, vamos aproveitar o dia, seja o último ou não.


Com carinho,
Jess.


(Sugestão de música pra hoje: Avenged Sevenfold - Seize the Day http://www.youtube.com/watch?v=S3WRQv4H1kQ)


sexta-feira, 19 de outubro de 2012

• Claustrofobia •

Claustrofobia.

S.f. Medo mórbido dos espaços pequenos e fechados.

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Tenho medo da sensação de estar presa, paralisada. É o tal desespero que sufoca, que me faz perder a noção do tempo e lugar. Eu tenho medo da inércia. 
A inércia me corrói, faz com que eu tome atitudes que conscientemente não tomaria, ou pelo menos, repensaria. Não gosto de ver a vida na constante calmaria, se está vivo, tem que mexer. 
Não sou como a superfície de um lago, plano, sereno. Eu sou o mar, as ondas quebrando na praia, o rebento e o caos submerso nas águas.
Como lidar com o medo de envelhecer e perder a elasticidade da sobrevivência? Como lidar com o medo de não ser mais fagulha? Como lidar com o peso que a vida impõe, com cartas e lugares marcados?
Talvez eu esteja me sabotando, a ponto de me negar aceitar que o que já foi fogo, será cinza.
Eu sei, não quero ser cinza.. mas quanto vale o meu querer? A vida morna me cansa. Pra mim, ou queima ou gela.
Não quero me tratar mal e fazer com que as feridas não fechem, não quero fazer do meu circo, Via Crucis. Só não posso fazer de tudo, uma valsa. Minhas veias pulsam, rasgam minha pele e a paz nunca vem.
Eu digo, pensar demais faz com que a paz nunca venha. Não nos satisfazemos, sempre há um crime pra desvendar, uma terra pra descobrir ou uma teoria pra imaginar. E somos nós, claustrofóbicos, que nos reconhecemos na multidão. Os olhares batem, os gostos correspondem e respiramos mais aliviados então.
Eu sinto o cheiro do medo de ser sufocado. LATEJA, DÓI, SANGRA alma.
Eu quero a liberdade e o que o mundo puder me dar, mas não confundam com solidão.
Podemos estar livremente acompanhados também. Quero dividir cada espasmo, cada sensação. Ser livre e sozinho é uma situação ingrata. Do que adianta ter ouro e não poder usar? Liberdade é querer alguém por perto, sem que seja pedido por obrigação. 
Odeio a máxima "você TEM que fazer!" Não, não tenho, faço por que escolho fazer.
Até mesmo nos lugares regrados, a opção de seguir a lei ou não é nossa, juntamente com as consequências.
O primordial é, cabe a MIM decidir. O caminho é meu.
Cada um tem seu próprio inferno e paraíso. Nascemos ímpares, vivemos (ou não) em pares e morremos ímpares. É assim que as coisas são.
Eu quero ter a liberdade de viver sem medo do julgamento alheio, sem ter que me explicar umas 700 vezes. Demoro a encerrar um ciclo, mas quando o faço, enterro com ele qualquer possibilidade, sendo real ou não. É assim que eu sou.
E a vida é assim. E nós somos assim. E as pessoas são assim.
Só quero liberdade pra ser quem eu sou e pagar por isso no final. 

Não mascare seus sonhos, seu jeito e suas vontades. Não projete no outro seus erros. 
Seja seu próprio herói.



Seja. Aja. Faça. Pague.
A vida não espera a gente secar o cabelo, fazer maquiagem, coordenar brinco com sapato, sapato com bolsa, bolsa com anel. A vida exige que a gente aconteça. Que a gente se jogue na chuva e estrague a chapinha, que o esmalte descasque e a gente ache graça. A vida exige que a gente brinque de passar bolo na cara.
Perdemos tempo tentando agradar ao vizinho e esquecemos de nos agradar. 
Já viveu pra você hoje? Já fez um gesto de amor pra si mesmo? 
Já sorriu enquanto queria chorar, só para manter a pose? Pra não acharem feio?
Já comprou algo pra você? Já ouvir palavras duras sem merecer?
Temos que nos concentrar em fazer o bem a nós, para que possamos ter a capacidade de fazer o bem ao outro. 
"Não liga, ele é grosso assim mesmo.." Ligue sim, esbraveje! Você é obrigado a se podar e guardar na gaveta toda vez que não dá o murro que um babaca merece ou manda a perua esnobe se ferrar. Ninguém é obrigado a tolerar desrespeito pelo fato do outro "ser assim". Ninguém nos pergunta o que somos e o que precisamos para viver bem.
A vadia que te traiu não pediu permissão pra te machucar e te fazer desistir de se relacionar.
O escroto do seu chefe não pediu permissão para te menosprezar e reduzir sua motivação pela metade.
O crítico maldito não pediu permissão pra te crucificar pelo fato de ser mais criativo que ele e assim, massacrar seus sonhos.

Não dê permissão para te minimizarem. Quem não consegue conviver com o que você é, sem tentar te modificar a todo custo, jamais te fará feliz por completo.

Seja forte e honesto consigo, o resto vem.






sexta-feira, 20 de julho de 2012

• INSIDE •



Eu sei, eu me saboto, me entrego ao abismo, apenas para sentir o vento no cabelo. 
Sou fatalmente viva, cada dia quase caio, quase morro, quase sangro.. as vezes acontece. Há um animal enjaulado aqui, que luta com a força que lhe resta, que se debate, que não se rende. Há uma menina cansada e com poucos amigos, que um dia se contenta com a falta de escolha e aceita o que foi dado, o que lhe foi vendido à força.
Há dualidade, luta sem medalha. Há soco e ponta pé.
Aqui jaz todo engano e as vezes eu gosto disso.
Minha vida é feita de curativos e cicatrizes, já conheço a dor e sei o quanto é bom quando passa.. eu me arrasto pelo corredor, procurando um lugar mais calmo pra respirar, eu trago a fumaça e sinto meu corpo arrepiando com suas sensações. Observo o teto branco, vazio, penso em tudo ao meu redor e sinto o peso dos meus dedos, inertes, esperando uma mão pra entrelaçar. 
No meu mundo, na minha cabeça, nas minhas veias.. eu sei o quanto dói não saber lidar. Eu não sei, tenho medo de ser feliz e depois acordar despedaçada, mas eu vou, sempre voou. Esbarro em erros e acertos, ultrapasso o limite, bato e apanho na cara. A puta, a bruta, a vítima e a carrasca. Sou a vaca profana e a ultima esperança. Salvo e mato lentamente. Tenho veneno e antídoto, tenho cura e mal, tenho o que precisar. Enfio a adaga e giro lentamente. Dói, mas passa. 
Não espero que me entendam, nem que me aprovem, exijo que me respeitem, quem quiser mastiga, degusta.. quem não puder, que engula a seco. Pra mim é assim, ou me ama ou me mantem longe. 
Se for amor, que seja dos pés a cabeça, que tenha paixão, doação.. pelo tempo que for possível.
Eu odeio o morno, o insosso, o incolor. Se é pra me levar, que me carregue, que entre e bagunce tudo, que quebre as regras e os horários, que me faça dormir tarde e me tire da cama com um convite à loucura.
Que tenha fogo, que seja meu dono e que me faça calar.
Preciso que me calem a boca, que me obriguem a escutar. Que me prenda, que me chacoalhe. Quero furação, cansei de ventania. Quero tempestade, cansei de calmaria.
Venha e abra a janela do meu quarto, deixa o sol me cegar e franzir minha testa.
Se for pra ficar, que mostre o porque, que seja minha unica opção.
Que me faça pedir mais, que me faça gemer, suspirar, perder o controle. Que me deixe sem ar, sem graça, sem fala.
Venha e me mostre o que tem de melhor, me surpreenda, me amordace, me enlouqueça. 
Eu quero tudo, quero que vá a fundo e faça o que ninguém fez. No final, me beije e acenda nosso cigarro.
É só isso, é simples. 
Troca de corpo comigo, entra na minha mente e sente o que eu sinto.

terça-feira, 19 de junho de 2012

. Livro do Esquecimento - Parte I .

Acordei totalmente introspectiva hoje. Partindo do principio que tenho uma introspecção nata, carga dada por um signo melancólico e saudosista, é relativamente natural me sentir na contramão.
Dias cinzas agitam as coisas dentro de mim, proporcionalmente, são os que mais amo.
Gosto do que está vivo, quente, mexendo... por mais contraditório que possa soar.
(Acho que não é necessário reafirmar o quanto sou contraditória e caótica.) 
Hoje acordei com saudade do que eu pude ser quando criança, do quanto a vida me parecia doce e sutil, de como eu não me conformava com os horários estabelecidos pelos meus pais, com as regras de idade pra ver filmes (mesmo que eu sempre arrumasse um jeito de burlar as leis adultas). Acordei com saudade de mim, dos que passaram, dos que eram indispensáveis e que daria a vida ou o dente em uma briga, apenas para tê-los por perto.
Quando somos crianças, tudo é muito imediato, intenso.. e parece que a medida que crescemos, transformamos a energia que temos em reclamação, as necessidades sadias em constante infelicidade por não tê-las, a intensidade se perde no caminho e sentimos a vida amargar, emudecer. Os gritos são internos e nos encontramos sempre com a sensação de que estamos vazios, incompletos.
Por onde anda nossa jovialidade? Os sonhos e a vontade de mudar as coisas?
As vezes eu sinto como se tudo que lutei fosse se perder no ar, como se pudessem formatar meus pensamentos e apagar de minhas as cicatrizes de tudo que vivi. Eu tenho medo.
Temo pelos que se foram, pelos corações partidos e pelas lembranças abaladas pelo tempo. Eu não quero esquecer de tudo que me fez chegar até aqui e ser o que eu sou.
Eu amo tanto os meus fracassos quando os meus acertos, eles fazem parte de mim. 
Olho pra trás e vejo como eu errei e erraram comigo e agradeço por cada lágrima, por cada vez que pensei "o que eu faço da minha vida agora?" ou "como puderam fazer isso comigo?". Eu sou um acúmulo de sensações erradas, de projetos falhos e de um amor imensurável pelo desconhecido. Simplesmente vou.
Quando eu era criança e algo não dava certo, ouvia alguma musica que gostasse e pensava em dormir, porque tinha certeza que quando eu acordasse, tudo estaria melhor. Normalmente estava, porque eu tinha fé e nada me fazia acreditar o contrário.
Ontem eu tentei fazer isso, o primeiro obstáculo foi: eu não tinha tempo pra dormir aquela hora. O telefone tocou, clientes no trabalho, e-mails chegando. Eu precisava estar no meu quarto ou em algum colo macio, mas a vida tem sido mais complicada, o tempo não tem mais o mesmo peso que há 10 anos atrás.. era só correr e pronto, eu chegava num lugar comum e meu coração se aquietava lentamente, até esquecer.
Tenho dado prioridade demais aos outros, ao que não é meu e tenho me renegado pelo menos 3 vezes ao dia.
Me sinto como Pedro negando Jesus. "Não, eu não conheço", "não sei quem é", "não estou com ela". 
E as vezes, sou um tanto Judas e com um beijo traidor me entrego pro inimigo. O tempo.
Fé.
Acho mesmo que perdi a fé nas pessoas que admirava, que ando gostando mais de bicho, música, recordações. Tudo pra não deixar de acreditar na vida. Mesmo que não seja nas pessoas, eu preciso acreditar em alguma coisa.
Eu sei que em algum canto do mundo, alguém sente a mesma coisa que eu e me entende. Isso basta agora, saber que por mais que eu me afaste, não estou sozinha. Há uma interligação entre nós.
Também tenho medo de que esqueçam quem eu sou.
Meu maior medo é o esquecimento.
Hoje vou lembrar de como era gostoso ter o mundo todo pra descobrir e acreditar que ainda dá tempo de reinventar nossa própria história. Por isso escrevo, pra salvar, matar ou morrer.
Botar pra fora e trazer pra dentro o que falta.
Assim cruzamos olhares, caminhos, parágrafos. Perdemos, achamos, ganhamos, enganamos.

Se um dia eu voltar a ser criança, venho correndo contar pra vocês.






sexta-feira, 11 de maio de 2012

. Soneto do Encontro .

Gosto quando a vida me joga no chão e em seguida estende a mão me mostrando um universo diferente.
Foi exatamente o que aconteceu comigo.
Um erro, uma pessoa, um rosto falso e palavras tolas. Era eu aprendendo a seguir sem olhar para trás, sem sentir medo ou falta, ou pena de mim.
Esvaziei, senti um cheiro novo no vento e relaxei. Não esperei nada, não pedi nada, apenas me permiti.
Um sorriso que me permitiu sorrir também.
Gosto quando o obvio desaparece e deixa o mistério entrar. Quando o medo sussurra no seu ouvido e o frio na barriga se torna uma sensação constante. Eu não sabia como era sentir a vida pulsar assim, tão quente, tão doce, tão urgente, novamente.
Ela trouxe consigo um pouco de mim, um pedaço de adolescência e a sensação démodé que é esperar.
A vida vem e não espera a gente decidir a roupa ideal pra vestir ou a hora certa pra ligar. A vida é instantânea e pra quem tem coragem de arriscar mais uma ficha, mais uma jogada. A vida é roleta russa, é perder o ar e a cor. A vida é pra quem acredita no improviso e nos números de telefones trocados.
Foi bom te ver chegar, sem pressa.
Que fique, que seja intenso, gostoso e que seja do bem.
Que seu sorriso seja o maior presente.
Que tudo se encontre, as mãos, os beijos, as vontades e as músicas preferidas.
Que tenha signo combinando, que tenha filme em comum.
Que tenha você o tempo todo.
Eu continuo observando você passar e bagunçar as coisas em mim.
Que assim seja.

terça-feira, 8 de maio de 2012

. Observando .

Estou assumindo as rédeas. Se precisar, bato o pé, brigo, grito, mas não abro mão de mim dessa vez.
Não serei a falida na esquina, desgovernada, perdendo um pouco de si em cada passo. Não serei quem rasteja, que implora e molha a ponta dos dedos pra limpar seu próprio medo. 
Dessa vez eu venci e levei o prêmio pra casa.
Há quem venha me acompanhar, há vontade de crescer, de encontrar antigos e novos desafios, há quem diga que é belo, há quem lute pela minha causa perdida. 
A verdade é que tenho aprendido a caminhar com as próprias pernas, a sentir as dores pessoais e saber esperar, não por alguém, mas por mim.
Estou sentada a beira do mar esperando por mim. Espero como se espera o sol nascer.
Tenho provado doses de simplicidade, sorrisos gratuitos e nunca me senti tão leve assim. Fecho os olhos e vejo um mundo de possibilidade se multiplicar diante de mim. 
É o caos que me fez. Foram as mãos ásperas desse mestre que teceram minha armadura viva. E sou imensamente grata por cada digital que deixei nos copos, por cada marca de batom no cigarro queimando, por cada esperança quebrada e cada olho inchado no final da noite. Não, eu não mudaria meu caos para remediar meu medo. 
Tenho uma alegria mórbida pelo simples fato de respirar. Um sorriso escondido em cada vez que encontro dois braços me acenando, eu sinto o frio na barriga que dá quando o mundo gira demais, sinto como se respirasse pela primeira vez a cada manhã recém chegada. 
O que importa é estar vivo e viver as escolhas.. minhas, dos outros, do universo.
Só estou observando tudo que passa em volta e aprendendo a não me frustrar, aprendendo a me respeitar e a entender meus limites. Vejo pessoas errando, contradizendo e tentando esquivar-se de problemas.. logicamente, erro e caio em contradição, mas se tem uma coisa que posso me orgulhar é de nunca fugir a um bom combate. Não tenho medo de cair, tenho medo de não ter nada para me derrubar, porque cair é o impulso para levantar mais forte. Tenho medo de que um dia não haja mais o que superar.
Quero que cada problema me acrescente uma dose de calma para saber lidar, que faça minha alma rejuvenescer, que faça com que as cicatrizes se tornem um mapa do que eu sou. 
Aqui estou, no controle, no cume das coisas, olhando as nuvens passarem e sorrindo para o que tiver que ser. 




Olho o sol se pôr e as pessoas caminhando, vejo crianças correndo e sinto o vento tocar meus lábios. Penso, falo baixo.
Vejo vidas, idas e vindas.. o tempo todo. 



quinta-feira, 12 de abril de 2012

. A Equilibrista .

Às vezes acho que tudo está perdido pra mim.

É como chegar ao final da linha, fundo do poço.. as vezes me sinto com asas quebradas e hematomas por todo o corpo, penso nisso, que o fim chegou e o que resta é me arrastar com o que sobrou. Tem dias como hoje que sinto vontade de me diluir em ácido puro. Do que adiantou lutar para ser feliz? Do que foram feitos os meus sonhos?

Sinto como se estivesse vivendo a margem do que posso ser. Eu sinto as dores do mundo, do parto, do que era gêmeo e foi separado, do que era honesto e foi corrompido. Eu sei, ela sabe o que fez comigo e me sinto estúpida por tê-la deixado pisar nos meus restos. Tantas vezes. Ela me julgava como se tivesse um mapa do que eu sou, do que eu era. Falava como se soubesse dos meus medos e trabalhava cada pedaço do meu cérebro como se fosse um quebra-cabeças. De certo modo, ela estava certa. Eu a deixei assumir o controle das coisas por não saber quem eu podia ser, por não ter direção pra remar. Eu me fiz a sua casa e seu “porta reclamações”. Eu me auto ignorei apenas pra dizer “tudo bem, não precisa se desculpar, foi um dia difícil.”. Mas e eu? Com o que fiquei? Sete meses se passaram e eu virei retrato velho e empoeirado na estante. Suas meninas voltaram, suas festas voltaram, as amantes reassumiram seus lugares e eu sobrei, como sobrava todos esses anos. Agora há quem infle seu ego e diga “você é tão incrível.. esse seu sorriso de canto da boca acaba comigo”. Ela voltou à ativa, garotas. Está pronta para despedaçar e sugar cada gota de vocês. Dessa vez, eu não quis mais, eu me escolhi como prioridade. Olhe para o problema e imagine a pior hipótese. Visualize e contabilize o que vai perder de fato. NADA. A verdade é que só perdemos o que nunca foi nosso, o que é nosso, sempre será. Nós mesmos.

A partir do dia que vi o máximo que poderia acontecer, me preparei pra isso.

Tenho sobrevividos todos os dias, vou a bares, encontro meus amigos e até um amor, desses perfeitos, de Hollywood. E então voltamos à auto sabotagem. Eu não quero um amor perfeito, porque não posso dar um amor perfeito a ninguém. Eu preciso que esse meu caos me mova, porque sei que se um dia olhar para minha vida e descobrir que tenho tudo que preciso, morrerei. Eu sou movida pelo “você não pode, não é capaz de conseguir!”. Isso é o que me mantém. Eu gosto de adrenalina. Eu gosto que me digam o que não posso fazer. Gosto dos olhares repreensivos e dos sussurros “o que essa louca está fazendo?”. Eu sou isso, sou o que condenam. O contraditório. A escória. A subversiva, anarquista, baderneira. Sei que essa intensidade que me faz, me desfaz no mesmo instante. Me construo em areia e sou o vento que me assopra para longe. O pingo d’água borrando o desenho no papel.

Não me importo e não peço permissão para ser. Venho e fico, se não gostar, desapareço.. é o preço que eu pago para viver assim. As vezes não sentem falta, outras vezes, não vivem sem. Eu crio feridas e constantemente estou sangrando. É mórbido, mas sincero. Tenho cicatrizes que eu mesma criei. Sou a salvação e a sentença declarada. Sou a eutanásia, a falta de ar e o sopro de vida. Eu sou meu monstro e a mão que me segura.Caminho entre inverdades e meias verdade, me ato e desato. Recuo, reparo.. Mas nunca, nunca aprendo com o mesmo erro. Sou teimosa, refaço pra ter certeza. Agora que não é mais ela, me apagarei de novo, remeterei ao passado e quando surgir outro obstáculo, apareço de novo.

Eu gosto disso, sou a equilibrista na corda bamba e abuso da sorte.




segunda-feira, 2 de abril de 2012

. Fucking Clarice .


Hora de dar asas à imaginação, saborear o proibido, o caos, as dores de parto.
Com muito esforço, relutando pra nascer, Clarice.

Espero que tirem algum proveito disso tudo, para nós, tudo será incrível ;)


sábado, 25 de fevereiro de 2012

• Viver e não ter medo de SER •

Tenho vivido com frio na barriga, todos os dias.

Desde que aceitei que algumas histórias só existem na ficção, que me desprendi de alguns laços e senti o chão rachar, aprendi a recomeçar e ignorar o passado. Digo, quando estou alegre ou embriagada, as coisas ficam mais fáceis, mas, eu nasci vencendo.
Desde o primeiro segundo de vida, fui a eficiente, fiquei encarcerada por 9 meses, aprendi a me locomover sozinha, venci dias de febre, noites de dor de dente (enquanto minha mãe imaginava que era fome, frio ou frauda molhada), venci meu medo de andar, venci o medo de cair e me jogava no chão pra ter graça, venci até mesmo minhas convicções.. quando eu me ralava toda na calçada e meu pai gritava do outro lado da rua "levanta, não foi nada", eu sabia que estava doendo e sangrando, mas confiava naquela voz que quase me convencia que era tudo parte do meu teatro infantil.
Eu nasci vencendo, acordei vencendo, adormeci vencendo, até mesmo quando perdi. E perder tem se tornado interessante, gera um riso bobo no final, é saber que sou forte pra me ver desabar sem desistir, é saber que as cicatrizes são os sinais de que passei por chuvas de canivete e sobrevivi pra contar, é saber que minha alma é maior que todos os desastres, até o último que eu puder narrar.
E cara, como é bom confiar em si!
Eu confio no que a vida me tornou, confio nas pessoas que me fizeram crescer, confio na minha história e no que eu trago na bagagem.. e sou feliz por ser quem sou.
Não tenho mais que evitar nada, nem ninguém. Sabe quando você olha pra alguém que pensou ser tudo na sua vida e respira aliviada, pensando: "Obrigada por não ser a pessoa certa, daria errado do mesmo jeito e eu não saberia aceitar"? Então, tenho agradecido por essas pessoas passadas terem passado sem que eu pudesse me arrepender do que fiz ou deixei de fazer.
Só há arrependimento interno, com os outros não.

Sabe quando você acorda com a sensação de que seu dia será incrível? Mesmo que nada extraordinário aconteça, você percebe que o fato de não ter sido ruim já é pra se comemorar, estou comemorando cada dia vencido, cada problema solucionado, cada pessoa satisfeita com que eu fiz, isso tem me deixado mais leve, mais viva.
E por falar em viver, o universo tem sido generoso comigo.. no meio desses escombros todo, não é que há sinal de vida?
Estou me preparando pra resgatar que for, mesmo que seja eu, agora saberei o que fazer quando ouvir o pedido de resgate.

Experiência > Um dia a gente aprende a lidar com algumas situações > aí aparece em seguida uma situação que não sabemos lidar > Experiência > Um dia a gente aprende a lidar com algumas situações (...) É o ciclo.

A vida é uma arte, cara.
Tenho pintado minha tela com cores desconhecidas.
Gosto do cheiro que essa tinta tem, gosto de vê-la dançando no branco e criando formas.
E assim, eu vou seguindo.



terça-feira, 24 de janeiro de 2012

• Seize the Day •

Coloquei Yann Tiersen pra tocar e sentei na beira da cama..
Foi um dia difícil desde as primeiras horas, tudo tão atropelado no trabalho, pessoas cobrando respostas, horários para cumprir, prazos estourando, insatisfações e pouquíssimo sinal de gentileza. Chegar em casa nunca foi tão agradável, seria mais se não fosse acompanhado de problemas pessoais, internos, fantasmas. As vezes é como se eu estivesse tão anestesiada que não conseguisse ouvir minha voz, na verdade, tenho pensado mudo, sem ruído.

Tenho me sentido sozinha, monologando a prosa. E acho que é o melhor, por agora.
Eu sempre tive medo de estar sozinha, sem ter com quem dividir as coisas, sem ter pra quem contar o caos, dá uma sensação de que o chão vai abrir e não terá nenhum herói de ultima hora, chegando de maneira triunfal e estendendo a mão.
Talvez, eu tenha aprendido a me agarrar no que há por perto e não precise mais desse herói.
Me sinto mais forte, mas firme pra aguentar as ventanias diárias, estou resiliente e sem muito medo de dizer adeus, só não sei se é real ou é uma maneira que encontrei para evitar sofrimento.

Eu decidi que não choraria e não chorei.. bom, lágrimas não molharam minhas mãos.
E quanto ao meu coração? O quanto ele está doente?
Queria saber o quanto posso me doar ainda, o quanto tenho capacidade de conhecer pessoas e lugares, de contar minhas histórias e rir de tudo de novo.
Eu quero saber o que restou de mim, pra mim e pro mundo.

Não estou preocupada em ocupar algum espaço, só quero estar apaixonada.
Tenho me apaixonado por música, livro, quadro, bicho.. as vezes, me apaixono por gente, não importa, preciso viver a parte intensa das coisas.
Eu não sei viver à margem do que pode ser, não sei chegar no horário certo todo dia, não sei gostar sem querer ter, não sei agir da forma que esperam, bem menos consigo seguir sem entrar na contramão.
Dizem que quem segue todas as regras, não se diverte, que eu não morra por falta de diversão.

Eu aprendi a sorrir e seguir em frente.
Aprendi que não importa o que você faça, sempre será reflexo da opinião dos outros, do problema alheio, das frustrações não resolvidas, do caráter (ou falta dele) do próximo. Por isso eu digo APROVEITE O SEU TEMPO COM O QUE TE FAZ BEM.
Aproveite sua vida com quem te faz sorrir, com quem te fazer quebrar regras, faça coisas loucas, escreva um livro, faça uma música, uma tatuagem ou deitei na grama e agradeça pelo ar que respira, olhe pra lua como se fosse a ultima vez, abrace quem você ama como se fosse a ultima vez, chore com filmes, grite em shows, pule, dance, tome um porre da bebida que mais gosta, se jogue nos braços de alguém.. mas faça sua passagem valer a pena!
Nós não sabemos o que nos espera no próximo segundo, numa joga estúpida a vida pode lhe roubar um sorriso ou tomar a chance que lhe deu de ser feliz, então, não viva apenas, SOBREVIVA, vá além do que pode ser, mostre o quanto pode ser bom.

Só existem dois dias que não podemos fazer nada, o ontem e o amanhã.
Enquanto ficamos trancafiados em nossos problemas, planejando uma maneira de não enlouquecer, a vida acontece e você pode perder a chance de mudar seu dia.

Não encurte a vida, não desperdice seu dom.
Aproveite o caos como se fosse a única salvação, talvez seja mesmo.
Aproveite o dia, antes que ele vire ontem e você se frustre pelo amanhã.
A vida é pra quem não tem medo de viver.
E eu já estou na estrada.


Isso acontece quando a gente para de olhar pra si, abre a janela de casa e vê um mundo de oportunidades.


terça-feira, 10 de janeiro de 2012

• Goodbye to Romance •

Cá estamos novamente, doutor.
Confesso que dessa vez, pensei que fosse demorar um pouco mais.
Tudo bem, o que seria da vida se não fossem os desencontros? Hoje é melhor eu não responder.
Estamos aqui, em mais um típico dia cinzento e insosso.
Hoje eu desaprendi a ter fé, esperar e acreditar em dias de sol. Hoje tudo aqui é vendaval e poeira nos olhos, por isso estou aqui, pra não ferir.

Dizem que é perigoso despertar as pessoas de seus sonhos, hoje entendi.
Mas eu precisava contar que, existem duas palavras que aprendi depois de cair e me jogar tantas vezes no chão: CONTINUAR VIVENDO. É isso que farei.

Um dia desses, volto pra contar que perdi o medo de voar de novo, que estou sorrindo, que chorei a madrugada toda e me embriaguei pra tentar anestesiar, depois volto e reviro todas as fotos empoeiradas e digo que nada vai mudar, volto e conto que tudo é mutável e caio, me jogo, contradito, peço perdão e sinto ódio, sinto falta e sinto nojo, digo que foi a última vez, que não me entregarei, prometo não amar, não sofrer e não sonhar.
Doutor, o senhor sabe que eu não sei viver pela metade, se for pra sofrer, que seja de todas as dores, se for pra sorrir, que mostre todos os dentes. E não adianta, sou irremediável e gosto de ser assim.
Eu não procuro cura, não quero imunidade, quero sofrer e chorar, quero injetar caos e respirar confusão, porque eu sei que, sou maior que todos os problemas, que depois que resolver um, criarei outro ainda maior, porque isso me move e eu não sei ser fixa, domável.

Doutor, eu vou continuar dançando.
Na chuva, sozinha, sentindo cada gota no rosto.. o que importa é que eu continuarei dançando, com ou sem par, mesmo se não tiver platéia, eu danço por mim, a vida continua e eu continuarei vivendo.

Um dia desses, alguém me convida pra dançar.
Enquanto houver música, haverá um chance de ser feliz.
E se um dia a música parar, a gente improvisa e canta, só pra não morrer de vez.

O mundo pode acabar, eu estarei dançando.
Goodbye to Romance.